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Alimentação na gravidez

Uma alimentação saudável e variada durante a gravidez é extremamente importante. A alimentação da mãe deve suprir as necessidades dela e do feto em crescimento, assim como do aleitamento.

Sasana CardosoSusana Cardoso, Nutricionista

Uma alimentação saudável e variada durante a gravidez é extremamente importante. A alimentação da mãe deve suprir as necessidades dela e do feto em crescimento, assim como do aleitamento.

O estado nutricional da mãe na altura da conceção é um determinante importante do crescimento fetal e do seu desenvolvimento. Sendo assim, uma alimentação saudável é tão importante antes, como durante a gravidez. É importante ter um peso saudável antes da conceção, visto que ter baixo peso ou peso em excesso podem afetar, quer a fertilidade, quer o nascimento do bebé. Afinal, uma mulher pode eliminar todas as doenças da gravidez, com exceção das genéticas, tendo uma alimentação correta, fazendo exercício e tendo um estilo de vida e condições ambientais favoráveis quer antes, quer durante a gravidez.

Como é que a alimentação influencia a gravidez?

O estado nutricional antes de engravidar e nas 12 primeiras semanas de gravidez, quando muitas vezes a mulher não sabe ainda se está grávida, pode influenciar o resultado da mesma, no sentido em que afetará os processos críticos de desenvolvimento do início da gravidez, assim como a disponibilidade em nutrientes. O desenvolvimento fetal depende do estado nutricional da mãe, que está relacionado, quer com as reservas, quer com a ingestão alimentar e com as necessidades desta fase da vida. Salienta-se que mulheres de nível socioeconómico mais baixo estão frequentemente malnutridas antes da gravidez; são mais baixas devido a malnutrição infantil, de baixo peso e anémicas devido a ingestão alimentar inadequada e infeções. A pré-obesidade e a obesidade também indicam uma alimentação pobre.

O aumento de peso na gravidez

O Índice de Massa Corporal (IMC), que relaciona o peso com a estatura da mulher antes de engravidar deve estar dentro de parâmetros normais (18.5-24.9 Kg/m2). O estado nutricional antes e durante a gravidez deve ser o adequado, para prevenir o aparecimento de complicações e diminuir o risco de defeitos no nascimento, baixo crescimento intrauterino e doenças crónicas em fase avançada.
Às mulheres com um peso normal antes de engravidarem, com um ganho de cerca de 12Kg (10-14Kg) está associado um menor risco de complicações durante a gravidez e o parto, assim como um risco reduzido de crianças com baixo peso à nascença. No entanto, mulheres bem nutridas e com um peso normal antes da gravidez podem ter grandes variações de ganho de peso. Assim, intervenções individuais e à medida de cada grávida, assim como a prática de exercício físico, são métodos promissores que os prestadores de saúde devem adotar para que as grávidas tenham um ganho de peso adequado.

A alimentação

A grávida deve aumentar o consumo de alimentos ricos em ferro e ácido fólico através de uma ingestão diária de legumes frescos, cozinhados e folhosos. Deve também adequar a ingestão de proteína. Uma alimentação mediterrânica, que inclua ácidos gordos ómega 3, incluindo peixe 2-3 vezes por semana, associada a uma ingestão adequada de cálcio, reduz os níveis de colesterol materno de forma significativa, reduzindo os nascimentos prematuros. Existe uma recomendação relativa aos peixes de grande porte (como o atum fresco, por exemplo) que possuem elevadas quantidades de mercúrio, devendo restringi-los a uma vez por semana, por motivo de toxicidade.
A ingestão de bebidas alcoólicas durante a gravidez e amamentação é proibida.
Resumindo, a grávida deverá comer maior quantidade, respeitando sempre as regras de uma alimentação saudável (completa, equilibrada e variada), mas de acordo com as suas necessidades individuais e de atividade física. É muito importante que cada grávida tenha um bom acompanhamento em termos alimentares para poder individualizar o seu plano alimentar às suas necessidades.

Suplementação

A suplementação durante o período peri-conceção reduz a incidência de deficiências do tubo neural. Todas as mulheres que possam ficar grávidas devem ser aconselhadas a fazer um suplemento de ácido fólico de 400µg/dia até às 12 semanas de gestação. Na gravidez é ainda recomendada a suplementação em iodo, exceto em doentes com patologia tiroideia conhecida. Há também a necessidade de suplementar em vitamina D - uma exposição solar adequada é necessária à síntese de vitamina D, pois melhora a fertilidade, reduz nascimentos prematuros e diminui o risco de diabetes gestacional.
Os suplementos nunca devem substituir os alimentos!

Toxi-infeções alimentares

Durante a gravidez devem evitar-se alguns alimentos para minimizar o risco de contaminação alimentar através de microrganismos prejudiciais. Incluem-se aqui alimentos elaborados com ovos crus (maionese caseira, salame de chocolate, tiramisu, baba de camelo e mousse de chocolate caseira); alimentos que são ingeridos crus (sushi e salmão fumado), assim como carnes cruas ou mal passadas. Mulheres não imunes à toxoplasmose devem evitar saladas cruas e frutas que não se possam descascar.
As grávidas são aconselhadas a seguir boas práticas de segurança alimentar, lavando as mãos com frequência, assim como as superfícies de preparação de alimentos, evitando a contaminação cruzada e separando alimentos crus de cozinhados, cozinhando a temperaturas adequadas e refrigerando os alimentos rapidamente, de forma a prevenir a proliferação bacteriana.

A não esquecer…

A qualidade da ingestão alimentar durante a gravidez é um fator determinante para o sucesso da mesma e para o parto. Cada mulher tem na sua mão a escolha exata, quer em termos de alimentação, quer em termos de estilo de vida (atividade/exercício físico) para otimizar os resultados da gravidez e do parto!

Artigo originalmente publicado na primeira edição da Revista De Mãe para Mãe, em outubro de 20019.

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